RASHID E A QUEBRA DO 'ESTEREÓTIPO'

O rapper Rashid lançou a música ‘Estereotipo’ que faz duras criticas as politicas eliminacionistas da população pobre, preta e periférica no Brasil.


A letra faz uma dura análise sobre os últimos acontecimentos envolvendo pessoas pobres e negras e que tiveram um fim trágico, e que só é alvo de comoção quando se é minimamente conhecido. Também bate na tecla das chances de ascender socialmente que todos na sociedade têm e mostra que elas nunca foram iguais. Para finalizar o rapper aponta para a falsa meritocracia e dispara contra os que não tiveram chance de mostrar suas habilidades pois foram silenciados pelos calibres policiais, pela precariedade do ensino ou simplesmente por ter o estereótipo indesejado.

Contudo, um estereótipo que Rashid vem quebrando com o tempo é o de não ser um 'rapper de verdade'. O cantor que é de uma geração posterior aos anos 90 sempre foi criticado por não aderir às letras gangstas ou violentas, ou mesmo à um estilo agressivo de cantar. Mesmo com duras criticas de uma ala mais conservadora do Rap, ele tem demonstrado preocupação com questões sociais e politicas, muitas vezes até com mais ênfase do que outros cantores e grupos auto-intitulados 'rappers de verdade'.

Letra

Querem mandar no que eu visto, querem julgar quem eu sou
Querem anular o que eu conquisto e que eu fique só com o que sobrou
Pode procurar nos registro, meu, o que fazem com a nossa cor
E se você é mais um tipo eu, resista, onde quer quer for
Porque

Somos todos alvos, somos todos alvos aqui! (4x)

Um dos 5 moleques no carro no Rio, podia ser eu
Ou o Douglas que se foi no Jd. Brasil, podia ser eu
Outro inocente morto a noite e ninguém viu, podia ser eu
E em nenhum desses casos cê nada sentiu, só se fosse eu!
Faz tempo que a rua não é fábula, vim tipo rábula
Pelos meus com discurso pra encabular, 
Conteúdo! Boy, senta o rabo lá
E me escuta, cansei do estábulo, não vou te adular
Com essa Stabilo em mãos escrevi coisas que me levaram a confabular
Na facul que você curte cabular
Falemos de chances mas aviso
Não existe igualdade pra quem tem que correr atrás de quase 400 anos de prejuízo
Cê num sabe o que é isso, já antecipo
E nem ser seguido na loja pelo segurança que é do seu bairro e acha que conhece seu tipo
Se chama inversão de valores, ou show de horrores
Quando a definição de suspeito vem com uma tabela de cores
Sua justiça morreu quando embrião, sua lei já falhou no protótipo
E o azar é daquele que assim como eu se encaixa no estereótipo... ótimo!

Querem mandar no que eu visto, querem julgar quem eu sou
Querem anular o que eu conquisto e que eu fique só com o que sobrou
Pode procurar nos registro, meu, o que fazem com a nossa cor
E se você é mais um tipo eu, resista, onde quer quer for
Porque

Somos todos alvos, somos todos alvos aqui! (4x)

Pela roupa que eu visto, a quebrada que eu moro e a cor que eu sou
O tira me para enquanto a filha dele deve tá querendo colar no meu show
Imagina que loko, durante o café da manhã, quando ele vai ler o jornal
E vê minha foto na capa e não é por óbito, nem motivo criminal
Mais um igual tantos que já levou tantas porta na cara que perdeu a conta
Minha vingança é estilo Carl Brashear, só d'eu tá aqui representa uma afronta
Agora me conta, olha pro mundo de ponta a ponta e vê como é sujo
Quantas Cláudias se foram antes de ter a chance de ser Taís Araújo?
Falemos de chances, pra você que esbraveja com raiva que é contra as cota
Quantas vez cê já teve que provar que o que é seu, é seu, quase mostrar a nota?
Quantas vez cê acordou pra trampar, passou 2 horas só no caminho 
E no vestibular disputou com quem acordou mais de 2 horas e foi pro cursinho?
Fica facinho assim, e a mentalidade aí se define
Quando gente igual eu só te serve se tiver fazendo gol pelo seu time
Esse estereótipo é baseado em séculos de história controversa 
E se você que abraça não sabe, já sei quem tem mais Q.I nessa conversa!

Querem mandar no que eu visto, querem julgar quem eu sou
Querem anular o que eu conquisto e que eu fique só com o que sobrou
Pode procurar nos registro, meu, o que fazem com a nossa cor
E se você é mais um tipo eu, resista, onde quer quer for
Porque

Somos todos alvos, somos todos alvos aqui! (4x)

Ô maloqueiro, aonde quer que vá fique ligeiro
As ruas não estão de brincadeira,
Vizinhos nos vêem como forasteiros! (2x)

O Rap m Debate


Parceiros